Páginas

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vinte anos. Duas pessoas. Um dia. - David Nicholls

Depois de um longo e tenebroso tempo deixando o Leitoraria; às traças - mas não os livros, que seja dito! - reinauguro essa nova fase desse blog com o primeiro livro lido em 2012: Um dia

Antes de qualquer coisa, confesso que tenho um pouco (aka muito) de preconceito com best seller. Mas esse me conquistou primeiramente pela capa e depois pelo trecho da crítica de Nick Hornby (escritor do famoso Alta Fidelidade): "Cativante, inteligente, espirituoso." Ou seja, acabei achando que o livro valeria a pena no mínimo como passatempo de férias. E valeu muito mais do que isso.

Fazendo um resumo bem rápido do romance, ele gira em torno de dois personagens: Emma Morley e Dexter Mayhew. Os dois, que estudaram na mesma faculdade, acabam dormindo juntos depois da formatura. E sim, isso não é um eufemismo, eles realmente só dormiram juntos. Quem nos conta essa história, que nos primeiros capítulos não me pareceu muito encantadora, é um narrador em terceira pessoa - o que faz com que nós, leitores, nos sintamos meio que voyeurs da vida dos dois. 
Outra coisa legal é que não, não é aquela história clichê e muito pouco real em que duas pessoas se encontram todo ano em um mesmo dia. E sim, acho que é o que todo mundo pensa quando se depara com esse romance pela primeira vez - eu inclusive. Esse um dia do título é a  data do dia posterior à formatura, esse dia em que eles realmente se conheceram. O que autor faz é usar isso como o mote para focalizar a vida de Dex e Em por vinte anos em todo dia 15 de julho. Muitas vezes eles nem se falam nesse dia e por deixar muitos espaços em aberto, nós funcionamos um pouco como escritores dessa história, preenchendo na imaginação os buracos intencionais e muito bem feitos dessa narrativa.

Outro ponto bacana é que a linguagem não é aquela típica de best seller, em que o autor samba na nossa cara o quanto ele acha que somos burros e simplifica até o que não precisa. Muito pelo contrário, a linguagem é bacana e depois dos primeiros capítulos faz com que a narrativa pegue um ritmo impressionante, fazendo com que o livro seja um daqueles que a gente leva junto em todo lugar. O que acaba dando um sentimento contraditório de querer muito terminar misturado com fazer com que a história dure pra sempre.

Outra coisa que me chamou atenção é o quanto os personagens Dexter e Emma são bem construídos. Isso só acaba fazendo com que a gente se apaixone mais e mais por eles durante o caminhar do romance. É certo que às vezes torcendo mais pra um e odiando um pouco o outro... 

É o melhor livro do mundo? Não. Mas é um livro que eu super indico, com certeza. 
Falando agora bem por mim, foi marcante em especial porque estou no mesmo momento dos personagens: saindo da faculdade. Então muitas coisas caíram como uma luva.

A quem se interessar, também tem o filme, que - como sempre - nem se compara ao livro, apesar da fofa da Anne Hathaway.




Nenhum comentário:

Postar um comentário